29 de agosto de 2009

A minha infância querida

Maturidade sorrateira
Me corrompe tão ligeira
Que há muito não sou mais criança

Era menina, tão faceira
Até bonita, à minha maneira
Mas já não entro mais na dança

Razões diversas
Razões perversas
Que me atropelam a vida

O pior é imaginar se seria melhor
se eu não soubesse
Se os anos trariam de volta minha infância,
a tal aurora de minha vida
que Casimiro canta

Ignorância chamada de bênção,
um véu multicor
de alegria, bondade, ternura, calor

Não, prefiro tudo como foi
Imperfeito,
mas que me mostrou bem cedo
o mundo e o que sou.

2 de agosto de 2009

Não é exatamente tristeza

Ali ela era só uma menininha.
Assustada, sozinha.

Toda aquela confiança, aparente, desaparecida, aparentemente.
Tudo que conhecia não existe mais.
Nunca se sentiu tão incapaz.
Era bobagem se apegar tanto assim?
Sabia que teria um fim.
Fim da época, do momento, não de tudo, ainda bem.
Mas isso era só um leve paliativo.
A dor era imensurável, inexplicável, irracional, infantil e, ainda assim, tão elementar e compreensível.
E esperada.
Ela sabia.
Sempre soube.
Só que isso não fazia ficar mais fácil.
Tinha imaginado tantas vezes, pensado nas piores possibilidades.
Mas a realidade é sempre mais cruel do que qualquer devaneio.
Ainda assim, cumpriu a promessa, e só deixou a tristeza e a saudade prematura transbordarem quando estava sozinha.

Meus sonhos estão cada vez mais proféticos.