18 de março de 2009

É, eu sou superprotegida

Essa semana consegui concretizar uma ideia na cabeça, algo que eu já sabia, mas que me deixou com muita raiva. E, como sempre acontece quando tenho uma emoção forte assim, tenho um forte ímpeto de escrever. Então, aqui estou.
Uma gaiola, uma jaula, uma prisão
Chame como quiser
Não vejo solução
Num futuro nem tão próximo
Enclausurada, aprisionada, presa
Chame como quiser
Só quero sentir, uma vez na vida,
Que me enquadro
Só queria poder aproveitar
Os ditos melhores anos da minha vida
Como todos fazem
Sem me sentir culpada
Já deveria estar acostumada, não?
Há quanto tempo vivo assim?
Mas a hora vai chegar
Em que essa crise adolescente
Vai parecer tão sem importância
Tal liberdade, tão desejada
Não vai ter gosto de vitória
Quando criança, quero crescer
Quando adulta, voltar à infância
Agora, sei que é coisa de momento
Culpe meus hormônios

15 de março de 2009

Adolescentes não são todas iguais

Quinze anos não são nada, recém saída da infância. As adolescentes de hoje só pensam em maquiagem, roupas, festas e garotos, não se interessam por nada fora de seus mundinhos medíocres e limitados. Algumas a mais ou a menos na Terra não fariam diferença. Você provavelmente não é diferente, talvez uma versão um pouco melhor, um pouco menos obtusa. Mas no fundo tem as mesmas pretensões de todas as outras.
-Oi? Peraê, peraê, espera um pouco. É comigo?
Com quem mais seria?
-Não sei quem o senhor é, nem o quer, nem o que o senhor está fazendo aqui ocupando espaço no meu sonho, mas dá pra me liberar aí?
Ah, sinto muito, eu não deveria estar ocupando o espaço da bandinha adolescente que provavelmente habita essa espelunca aqui. Qual a boy band da vez? Ou talvez um atorzinho branquelo de cabelos e olhos claros, um all-american boy que ganhe verdadeiras fortunas interpretando papéis que façam menininhas acreditarem que vão encontrar um namorado/robô perfeito, que as vai idolatrar e amar incondicionalmente, fazendo-as felizes para sempre?
-Pra falar a verdade, meus sonhos geralmente são sobre pessoas importantes na minha vida.
Quem, Hannah Montana?
-Ahn... Não, meus amigos, minha família... meu namorado...
Uau, estava demorando... Então... Seu namorado, hã? Há quanto tempo estão juntos?
-Oito me...
Isso não importa, não é? Porque tenho certeza que ele é perfeito, que vocês são felizes juntos e que vão se casar e ter uma grande família feliz e perfeita. Poupe-me desse otimismo cego. Namoro de escola não tem futuro, tem data certa pra acabar: quando ele se formar e for estudar longe, dizendo que nunca vai te esquecer nem deixar de te "amar"...
-Ei, eu ouvi as aspas em "amar". Acha que eu mesma não já duvidei de tudo isso? Eu penso muito antes de tomar decisões, e não acho que seja como você está insinuando. Se bem que o senhor já parece estar afirmando tudo isso sobre mim. Você nem me conhece.
Nem preciso. Adolescentes são todas iguais.
-Lamento desapontá-lo, mas generalizar baseado no que o senhor vê em algumas meninas não me parece correto.
Vai dizer que eu não estou certo, que adolescentes não são assim? Tenho mais de três vezes sua experiência de vida, garota, sei como as coisas são.
-Bem, as coisas mudam. E o senhor está certo, exis...
Viu? Até você admite.
-Deixe-me terminar. Existe sim o tipo de adolescente que o senhor descreveu tão bem, presas à sua própria realidade e com gostos, preferências e atitudes pré-determinados pelas suas líderes, pela rádio, pela TV... Mas me recuso a acreditar que eu sou a única que não tem medo de falar o que pensa, de gostar do que eu quero, de vestir o que eu quero e fazer e me interessar pelo que eu quero sem ser discriminada por isso. Posso provar que aquele sentimento de que os jovens são o futuro não é desesperador, minha geração não é tão fútil. Apesar de ser, sim, meio Coca-Cola. E agora, pode me dizer quem o senhor é?
Não sei se devo. No fundo você mesma sabe quem eu sou e por que estou aqui. Agora vá. Se continuar dormindo não vai chegar a tempo na escola, e aquelas fórmulas não vão se decorar sozinhas.
Aí eu acordei.